Rumores rondam e rodeiam pelos cubículos do departamentos. No semblante dos escravos, um ar de inquietude, ansiedade e impaciência. Está certo que ser inquieto, impaciente e ansioso é uma condição essencial, uma espécie de competência indispensável para se trabalhar em uma corporação... Eu diria que é um status. Nas empresas, não há liberdade de ser calmo, sensato e equilibrado. Isto sempre é percebido como leviandade, desmotivação e desleixo.
Entretanto desta vez, tudo está muito estranho. O junior analist, a endomarketing co-assistant e o intern conversando longamente no café denuncia: algo sensacional está por vir! As fofocas não estão rolando nas baias por enquanto, e sim em lugares bem distantes tal como o almoço, happy hour e etc.
“Não posso soltar esse babado para vocês agora... É muito delicado!” Essa frase idiota é sempre pronunciada quando acontece coisas deste tipo. Na verdade, não é idiota, mas sim nojenta e mesquinha. Ou alguém acha que um corporolóide que se preze preservaria a integridade de um colega? Aliás, quem disse que existe integridade moral em empresas? Se ele diz não poder “soltar esse babado agora” é porque tem a informação primeiro e, portanto, confere a ele um ar de “sou mais influente que vocês”. Palmas para o assistant suporter, que se acha um ícone da comunicação informal da empresa, mas não passa de uma fofoqueira de portão das mais rampeiras.
A provável saída de um colega é sempre acompanhada de um ar misterioso e algo é inevitável: o surgimento de uma das mais famosas e indiscretas perguntas do fofoqueiro mundo corporativo: “ele está saindo, ou vão sair com ele ?”.
Na maioria das vezes ninguém sabe, mas aí é que está a graça! Afinal, uma vez sabendo que ciclano está saindo, inicia-se um período de grandes atrações corporativas, com muitas apostas e sessões “falsidade emocional com frases de efeito”, tais como “nossa que pena” (quando alguém fala isso, você pode crer, ele tá dando graças a Deus que o ciclano tá indo embora).
O Mercado sujo de apostas maldosas das baias do departamento está apelando: saiu, ou saíram com ele? Vamos pensar que saíram com ele, assim evitaremos que os queridos colegas de trabalho percam a oportunidade de queimá-lo e maldizê-lo pela última vez, da maneira mais cruel e exagerada possível. Afinal alguém já viu um corporolóide elogiar um colega de trabalho? Digamos que isto ocorre em uma proporção de 1 a cada 10.000 críticas que ele defere aos colegas durante o ano inteiro. Ao longo de todos estes anos de empresa, sequer me lembro de alguém elogiando o trabalho de um colega de mesmo nível hierárquico.
Mas enfim, sem polêmicas! Saíram com ele... Consigo ouvir daqui aqueles comentários baixos, mas enfeitados sempre com a sofisticação barata do mundo corporativo. Invés de uma plaquinha do tipo “eu já sabia. .filma eu galvão”, tal como nas transmissões do futebol, a nossa analista Mari, vai dizer que “tudo isto já estava na cara, afinal ele estava saindo mais cedo todos os dias. Vai ver que ele já sabia e estava fazendo entrevista”. A secretária Ana denúnciou: “o filme dele com o pessoal da diretoria já estava muito queimado”. Aproveitando o ensejo, o Rubão do contas a pagar alfineta: “também o cara não dava uma dentro”.
Até então nosso querido colega nada havia que pudesse desaboná-lo, mas repentinamente, subitamente e devido ao inconsciente coletivo, passou a ser o pior profissional possível. O povinho da empresa se sente na obrigação de justificar a fofoca, claro que cada um da sua forma, maneira esta que em 95% dos casos é infundada e sem sentido.
Alguns escravos estão perplexos! Será uma crise? Será que é corte de pessoal? Este tipo de assunto mexe com a estabilidade dos escravos e o mais engraçado é que neste ponto as fofocas, os temores e as dúvidas se tornam enormes, porém é necessário manter sempre um falso sigilo. Pessoal mandando CV... Qualquer comentário descuidado no meio do departamento pode ser fatal.
No entanto, o momento derradeiro foi quando o seu chefinho saiu para conversar com este nosso colega retirante em particular numa sala de reunião. O IBOPE de pelo menos três departamentos juntos atingem recordes a ser comparados apenas com a final da novela das 8 (não esqueça, empresas são novelas) – acabou o expediente – é fofoca e cogitação até o final do dia.
Eis que no outro dia pela amanhã, o colega anuncia sua saída e, o melhor: ele pediu as contas e segunda-feira começa na nova empresa! Não saíram com ele! Fofocas erradas, conclusões estúpidas e preocupações sem motivo.
As animações do último dia são hilariantes. A saída de um colega de anos é um evento, festa, onde alguns comemoram e outros lamentam, mas todos sem exceção comparecem ao último happy-hour. Afinal, na verdade, todos estão querendo uma “boquinha” na nova empreitada.
Durante o último dia, sessões de falsidade emocional, na qual quem parte é a grande estrela do mundo de Caras versão empresas: a secretária Ana sempre chora quando alguém está de saída; o Rubão saiu do seu cubículo, lá no contas a pagar, para desejá-lo boa sorte e dizer que se não fosse ele, o departamento estaria perdido. Aproveitou para deixar seu contato. Os supervisors e co-supevisors se utilizarão de falsa polidez para agradecê-lo por tudo.
A Mari aproveitou para tirar fotos o dia inteiro, do colega em seu cubículo, de toda turma no último almoço e centenas de fotos no happyhour. Tudo indica que a sessão de fotos da Mari não vai parar no happy-hour, mas a continuação desta história fica para o post sobre romances corporativos...
Entretanto desta vez, tudo está muito estranho. O junior analist, a endomarketing co-assistant e o intern conversando longamente no café denuncia: algo sensacional está por vir! As fofocas não estão rolando nas baias por enquanto, e sim em lugares bem distantes tal como o almoço, happy hour e etc.
“Não posso soltar esse babado para vocês agora... É muito delicado!” Essa frase idiota é sempre pronunciada quando acontece coisas deste tipo. Na verdade, não é idiota, mas sim nojenta e mesquinha. Ou alguém acha que um corporolóide que se preze preservaria a integridade de um colega? Aliás, quem disse que existe integridade moral em empresas? Se ele diz não poder “soltar esse babado agora” é porque tem a informação primeiro e, portanto, confere a ele um ar de “sou mais influente que vocês”. Palmas para o assistant suporter, que se acha um ícone da comunicação informal da empresa, mas não passa de uma fofoqueira de portão das mais rampeiras.
A provável saída de um colega é sempre acompanhada de um ar misterioso e algo é inevitável: o surgimento de uma das mais famosas e indiscretas perguntas do fofoqueiro mundo corporativo: “ele está saindo, ou vão sair com ele ?”.
Na maioria das vezes ninguém sabe, mas aí é que está a graça! Afinal, uma vez sabendo que ciclano está saindo, inicia-se um período de grandes atrações corporativas, com muitas apostas e sessões “falsidade emocional com frases de efeito”, tais como “nossa que pena” (quando alguém fala isso, você pode crer, ele tá dando graças a Deus que o ciclano tá indo embora).
O Mercado sujo de apostas maldosas das baias do departamento está apelando: saiu, ou saíram com ele? Vamos pensar que saíram com ele, assim evitaremos que os queridos colegas de trabalho percam a oportunidade de queimá-lo e maldizê-lo pela última vez, da maneira mais cruel e exagerada possível. Afinal alguém já viu um corporolóide elogiar um colega de trabalho? Digamos que isto ocorre em uma proporção de 1 a cada 10.000 críticas que ele defere aos colegas durante o ano inteiro. Ao longo de todos estes anos de empresa, sequer me lembro de alguém elogiando o trabalho de um colega de mesmo nível hierárquico.
Mas enfim, sem polêmicas! Saíram com ele... Consigo ouvir daqui aqueles comentários baixos, mas enfeitados sempre com a sofisticação barata do mundo corporativo. Invés de uma plaquinha do tipo “eu já sabia. .filma eu galvão”, tal como nas transmissões do futebol, a nossa analista Mari, vai dizer que “tudo isto já estava na cara, afinal ele estava saindo mais cedo todos os dias. Vai ver que ele já sabia e estava fazendo entrevista”. A secretária Ana denúnciou: “o filme dele com o pessoal da diretoria já estava muito queimado”. Aproveitando o ensejo, o Rubão do contas a pagar alfineta: “também o cara não dava uma dentro”.
Até então nosso querido colega nada havia que pudesse desaboná-lo, mas repentinamente, subitamente e devido ao inconsciente coletivo, passou a ser o pior profissional possível. O povinho da empresa se sente na obrigação de justificar a fofoca, claro que cada um da sua forma, maneira esta que em 95% dos casos é infundada e sem sentido.
Alguns escravos estão perplexos! Será uma crise? Será que é corte de pessoal? Este tipo de assunto mexe com a estabilidade dos escravos e o mais engraçado é que neste ponto as fofocas, os temores e as dúvidas se tornam enormes, porém é necessário manter sempre um falso sigilo. Pessoal mandando CV... Qualquer comentário descuidado no meio do departamento pode ser fatal.
No entanto, o momento derradeiro foi quando o seu chefinho saiu para conversar com este nosso colega retirante em particular numa sala de reunião. O IBOPE de pelo menos três departamentos juntos atingem recordes a ser comparados apenas com a final da novela das 8 (não esqueça, empresas são novelas) – acabou o expediente – é fofoca e cogitação até o final do dia.
Eis que no outro dia pela amanhã, o colega anuncia sua saída e, o melhor: ele pediu as contas e segunda-feira começa na nova empresa! Não saíram com ele! Fofocas erradas, conclusões estúpidas e preocupações sem motivo.
As animações do último dia são hilariantes. A saída de um colega de anos é um evento, festa, onde alguns comemoram e outros lamentam, mas todos sem exceção comparecem ao último happy-hour. Afinal, na verdade, todos estão querendo uma “boquinha” na nova empreitada.
Durante o último dia, sessões de falsidade emocional, na qual quem parte é a grande estrela do mundo de Caras versão empresas: a secretária Ana sempre chora quando alguém está de saída; o Rubão saiu do seu cubículo, lá no contas a pagar, para desejá-lo boa sorte e dizer que se não fosse ele, o departamento estaria perdido. Aproveitou para deixar seu contato. Os supervisors e co-supevisors se utilizarão de falsa polidez para agradecê-lo por tudo.
A Mari aproveitou para tirar fotos o dia inteiro, do colega em seu cubículo, de toda turma no último almoço e centenas de fotos no happyhour. Tudo indica que a sessão de fotos da Mari não vai parar no happy-hour, mas a continuação desta história fica para o post sobre romances corporativos...
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