segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

O Aniversário do Diretor

Em toda a história da humanidade, sempre se veneraram os Deuses. Alguns com formas humanas, outros com formas animais. Alguns povos acreditavam existir vários Deuses, outras civilizações acreditavam ter apenas um. Deus, Alá, Yaweh, são diversos os nomes. Cada religião chama o seu da maneira como convém.

No mundo corporativo os Deuses têm outro nome: O Diretor. Esse é um ser acima do bem e do mal. Todos os funcionários veneram (estou excluindo aqui o presidente, já que esse não faz parte do dia-a-dia de trabalho). O cara que sabe mais que todos, que tem o carro melhor, que todos conhecem, que é mais bem sucedido, que chegou mais longe na evolução empresarial. Esse ser, uma vez por ano faz aniversário. Essa data é, no mundo corporativo celebrada como o Natal, para os Cristãos. No dia do aniversário do Diretor, todos prestam reverências, fazem homenagens.

Tudo começa com a preparação.

Primeiro passo: Quem vai comprar o presente? Essa, normalmente é tarefa para o Gerente Senior, afinal, o presente pro Diretor tem que ser caro. Ou você acha que ele vai usar uma camisa que não seja ao menos de uma Brooksfield da vida? E tem que ser o Gerente Senior, porque ele é o único cara que tem o cartão corporativo. Não interessa se depois vão rachar o presente. Tem que pagar no cartão corporativo (mas isso é mote para outro texto).

Segundo Passo: Quem vai comprar o bolo? Com certeza é assunto da Marketing (Finance, Operations, Sales Administration) Executive Assistant, também conhecida popularmente como a secretária bilíngüe. Ela que conhece os gostos do Diretor, afinal é ela quem pede e recebe seus lanches no Delivery.

Aí sempre rolam as especulações. O Zé povinho sempre fica de supetão, porque pode pintar uma boca-livre no almoço. E se rolar o almoço, é almoço de 3 horas amigo. Almoço de 3 horas quer dizer nada de trabalho a tarde...

Pois é, não rolou almoço, vai ser só o bolo na sala do Diretor. Então começa um outro episódio. Quem vai ser o primeiro a entrar na sala? Essa é uma disputa que podemos chamar de 100 metros rasos corporativo. O cara quer chegar antes, ser o primeiro a entrar na sala, mas não pode dar na cara, então da aqueles passinhos acelerados. Tá bom, acho que não seriam 100 metros rasos, mas uma marcha atlética corporativa.

Na hora do parabéns, diferentemente daquela cantoria que rolou na última festa que você esteve presente na empresa, em que apenas meia dúzia cantavam, na do Diretos todos cantam. TODOS, em alto e bom som. Afinal, Deus tem que ouvir sua voz, perceber que você está feliz por ele, que é uma data especial.

Falta apenas dizer que todos os funcionários vão dar suas felicitações ao Sr. Deus. Mesmo aquele cara que trabalha em outro departamento e a 3 andares de distância tem que subir esses 3 andares para dar um saudoso abraço, desejar o melhor da vida e que muitas coisas boas ainda lhe ocorram. E sabe que vão ocorrer. Por que? Porque ele é Deus.

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