Renato Medeiros foi contratado para ser o novo Diretor do Departamento de Finanças da empresa Alpha. Formação em uma das principais faculdades do país, MBA na França, experiência de mais de 10 anos no mercado e enorme capacidade de liderança foram os atributos anunciados pelos General Manager. Certeza de “agregar muito ano négócio e contribuir para o crescimento da empresa”. Mas a principal habilidade de Renato não foi anunciada: sua incrível habilidade em analisar gráficos. Na primeira reunião, juntou sua equipe para falar sobre os números da Análise de Desempenho do ano anterior. Pulou todo os slides com textos e foi direto pra sua área de maior interesse, os gráficos. Conseguia ver como poucos, os meses com desvio de performance. Apontava com certeza de um rei absolutista os períodos críticos e os números abaixo do ideal. Era mestre em levantar pontos suspeitos e não havia slide com gráfico sem um único comentário seu. Nessa reunião solicitou total atenção ao trabalho nos meses de setembro e outubro. Mais uma reunião, gerente de planejamento apresentando os objetivos para o próximo ano fiscal, lá vai Medeiros apontando os meses com crescimento mais baixo. “Opa, por que não crescemos em março o mesmo que em janeiro?”. E toda a equipe volta para rever os números. Medeiros sabia como ninguém ler os gráficos. Tinha certeza de que havia nascido para isso. A tela do seu notebook não tinha espaço para planilhas de Excel e documentos de Word. Apenas gráficos do Power Point. Em todas as reuniões, ele apontava aqueles detalhes que somente ele sabia. Tinha olhos de falcão e faro de doberman. Não era fã de curvas de crescimento. Um mês não podia ser melhor que outro. Produtos não podiam ter o mesmo share. Foi aí que sua equipe percebeu. Chega de trabalho. 5% de crescimento de janeiro a dezembro. 30% de share para todos os produtos. 20% de lucro. 20% de custo fixo. Lead-time idêntico para todas as entregas. E Medeiros e todos os demais viveram felizes para sempre.
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