Tal como feito em outras postagens, refleti muito sobre como intitular aquilo que tentaria descrever. Estive pesquisando a respeito da origem do termo “conto do vigário” e algo me chamou muita atenção. A palavra vigarista originou-se desta expressão e não vice-versa. E não teria melhor palavra para definir a atitude da Alpha para comigo, quando lá participei de um processo de seleção. Não temos, aqui, o intuito de utilizar o blog como o “muro das lamentações”. Opostamente, este tem sido alimentado por conteúdo que propõe profunda reflexão sobre os malefícios proporcionados pelo enganoso ambiente corporativo.
No entanto, foi graças a uma atitude extremamente vigarista do cafajeste mundo corporativo que minha carreira tomou rumos responsáveis por mudanças bruscas em meu destino. Talvez, graças a este expediente, sinto que, atualmente, ganho horas saudáveis de vida divagando e escrevendo sobre o tema, para que de alguma forma ajude a sanar o processo de completa alienação que 95% dos corporativos atravessam. Sendo assim, tomo a liberdade, de relatar um fato pessoal para melhor ilustrar como se dá a vigarice corporativa em suas nuances mais perversas.
Atuava em determinada empresa, mas não me sentia muito confortável por lá. Não me dirigia ao mercado, entretanto, fui contatado para uma proposta na Alpha. Primeiramente, entrevista com Luciana Hauber, a analista de recrutamento; Uma semana depois, fui contatado para “conversa” com Fernando do planejamento de novos negócios, área a qual atuaria; Após 4 dias, nova entrevista, desta vez com Fernando e seu chefinho diretor. Embora desconfortável na empresa onde atuava, estava tranqüilo sobre o provável resultado daquela entrevista. Talvez a única expectativa minha naquele momento era a saída da zona de desconforto. No entanto, aquilo não me fazia muito ansioso.
Passados dez dias, recebo um telefonema de Luciana Hauber parabenizando-me pela aprovação no processo. Embora o salário deste novo seria 120% maior, o que me fez realmente muito feliz, foi o fato de sair de um lugar extremamente desagradável, sem perspectiva e sem estabilidade, para uma área em que me identificava melhor.
Ao longo daquela semana, passaria por aquela cerimônia burocrática de entrega de documentos, pedido de demissão e etc. Porém, meu erro fatal: em um surto de alívio e desabafo, comuniquei, imediatamente após recebimento da notícia, minha saída ao chefinho. Lembro, como se fosse hoje, aquele semblante vermelho e inchado, com traços profundos de obesidade cardíaca certamente proporcionada pela vida corporativa, tentando me agredir ou hostilizar de alguma forma sutil, por causa de meu abandono naquele momento.
Igualmente sutil, tentava responder que diversas vezes havia sido abandonado também como profissional. Bombardeios morais iniciaram-se então: primeiro disse que não iria me demitir. Por mim, sem problemas! Embora corporativo, não era miserável, nem de espírito, nem de grana. Meus princípios e valores familiares a respeito do trabalho sempre me fizeram ignorar a ridícula, assistencialista e antiquada CLT. Abria mão, sem qualquer tentativa de contra-argumentação dos 40% de multa, também conhecido em ambientes decentes, como a esmola; Bem como de meu FGTS. Em seguida, um pouco mais agressivo, disse que havia muitos contatos corporativos e que segundo a visão dele, eu estava sendo muito precipitado e isso poderia me prejudicar.
Com os seguintes dizeres, me atacou: “tenho 25 anos de mercado. .. talvez a sua idade de vida . .As vezes, quando jovens, nos deixamos iludir por aquilo que vemos! Mas exatamente aquilo que não vemos. . .o mundo paralelo e não tão bonito e límpido da juventude . . nos puxa o tapete . . .e após um tombo desses, meu amigo, levantar-se é muito difícil! Você consegue, é claro! Mas nunca na mesma posição em que poderia estar! A decisão é sua e você paga as conseqüências dela! Precisa de tempo para pensar? Bom, já que não precisa, então, nossa conversa está encerrada por aqui. Se você me der licença, preciso entrar em contato com alguns colegas, além de providenciar seu bloqueio de e-mail e diretório. Só peço um simples favor: que você consiga passar tudo que for possível para seus estagiários e assistentes. Você poderia também, por favor, enviar e-mail solicitando ao RH um novo recurso em seu lugar?”
Sei bem o quão triste é, mas isto não me abalou! Ao longo de minha trajetória profissional, nunca soube ou conheci verdadeiramente, como seria trabalhar sem assédio moral. Desde estagiário até minha última colocação no mercado, sempre fui moralmente lesado. Em momentos extremos de minha carreira cheguei a achar tudo aquilo muito normal. Em minha visão, estas atitudes faziam parte do pacote “pressão do mundo corporativo.”
Mas, pasmem! O pior estaria por vir! Cumpri todas solicitações supracitadas daquele malvado que se tornaria, em três dias, meu ex-chefinho, enquanto levava minha documentação à Alpha. Acordei com Luciana Hauber de telefonar quinta-feira pela manhã de modo a agendar meu exame médico.
Pontualmente, quinta-feira as 8h30, liguei para Luciana. Esta me comunicou que naquela semana não seriam realizados mais exames e solicitou meu aguardo até terça-feira pela manhã, quando deveria contatá-la novamente. A princípio fiquei contente com a possibilidade de descansar até segunda-feira.
Eis que quando ligo na terça, a bombástica, derradeira e devastadora notícia: infelizmente, a vaga havia sido preenchida! Eles lamentaram o incidente e se desculparam pelo ocorrido, não permitindo que eu esboçasse qualquer indagação a respeito do que havia ocorrido. Fiquei atônito! Tentava argumentar, dizendo que já havia pedido demissão da antiga, porém em vão! Luciana foi contundente: “ordens formais da diretoria financeira.”
Até hoje sinto-me confuso a respeito disso. Uma vertente minha adepta da teoria da conspiração acenava fortemente para um provável serviço sujo do meu ex-chefinho. Outra mais realista aponta para uma possível indicação formal pela diretoria de outro profissional. Provavelmente, o Paulinho filho do amigo do diretor!
Não havia e-mails e nem provas da vigarice. Mais do que desempregado, me sentia humilhado! Aquilo me ardeu muito e me proporcionou pelo menos um mês de depressão. Não tinha a menor motivação, mesmo de sair da cama. Até o som da TV me perturbava. Após o fato, declarei-me divorciado do mundo corporativo, pois tenho a legítima convicção que aquilo ocorrido comigo é regra e não exceção! Cheguei a conclusão do quão decepcionante e prejudicial é trocar minha honra e milhares de reais investidos pela minha família em minha formação apenas pelo glamour de dizer que faço parte da equipe de talentos de algum antro corporativo.
E de fato estou certo! Sinto que, por estarem alienados, corporativos desprezam sua capacidade de empreender e serem proprietários exclusivos de seus destinos sem necessidade da estabilidade glamourosa das multinacionais e muito menos da assistencialista e degradante CLT. Em um ambiente que predomina a “troca de horas por dinheiro”, quem compra os dias de vida mal vivida de um profissional – no caso as empresas - tem a barganha de ser imoral e cafajeste.
E a barganha é legítima, pois o produto “horas” não possui diferencial nenhum e é facilmente substituído. Entretanto, muitos corporativos “talentosos” ainda não entenderam que embora consigam produzir algo tão diferenciado e valioso chamado resultado ou performance, preferem comercializar (em um mercado já saturado) seu produto menos valioso, as horas formais de trabalho com um comprador perverso e poderoso, o qual as detém em troca de uma mixaria, que é a suposta estabilidade.
No entanto, foi graças a uma atitude extremamente vigarista do cafajeste mundo corporativo que minha carreira tomou rumos responsáveis por mudanças bruscas em meu destino. Talvez, graças a este expediente, sinto que, atualmente, ganho horas saudáveis de vida divagando e escrevendo sobre o tema, para que de alguma forma ajude a sanar o processo de completa alienação que 95% dos corporativos atravessam. Sendo assim, tomo a liberdade, de relatar um fato pessoal para melhor ilustrar como se dá a vigarice corporativa em suas nuances mais perversas.
Atuava em determinada empresa, mas não me sentia muito confortável por lá. Não me dirigia ao mercado, entretanto, fui contatado para uma proposta na Alpha. Primeiramente, entrevista com Luciana Hauber, a analista de recrutamento; Uma semana depois, fui contatado para “conversa” com Fernando do planejamento de novos negócios, área a qual atuaria; Após 4 dias, nova entrevista, desta vez com Fernando e seu chefinho diretor. Embora desconfortável na empresa onde atuava, estava tranqüilo sobre o provável resultado daquela entrevista. Talvez a única expectativa minha naquele momento era a saída da zona de desconforto. No entanto, aquilo não me fazia muito ansioso.
Passados dez dias, recebo um telefonema de Luciana Hauber parabenizando-me pela aprovação no processo. Embora o salário deste novo seria 120% maior, o que me fez realmente muito feliz, foi o fato de sair de um lugar extremamente desagradável, sem perspectiva e sem estabilidade, para uma área em que me identificava melhor.
Ao longo daquela semana, passaria por aquela cerimônia burocrática de entrega de documentos, pedido de demissão e etc. Porém, meu erro fatal: em um surto de alívio e desabafo, comuniquei, imediatamente após recebimento da notícia, minha saída ao chefinho. Lembro, como se fosse hoje, aquele semblante vermelho e inchado, com traços profundos de obesidade cardíaca certamente proporcionada pela vida corporativa, tentando me agredir ou hostilizar de alguma forma sutil, por causa de meu abandono naquele momento.
Igualmente sutil, tentava responder que diversas vezes havia sido abandonado também como profissional. Bombardeios morais iniciaram-se então: primeiro disse que não iria me demitir. Por mim, sem problemas! Embora corporativo, não era miserável, nem de espírito, nem de grana. Meus princípios e valores familiares a respeito do trabalho sempre me fizeram ignorar a ridícula, assistencialista e antiquada CLT. Abria mão, sem qualquer tentativa de contra-argumentação dos 40% de multa, também conhecido em ambientes decentes, como a esmola; Bem como de meu FGTS. Em seguida, um pouco mais agressivo, disse que havia muitos contatos corporativos e que segundo a visão dele, eu estava sendo muito precipitado e isso poderia me prejudicar.
Com os seguintes dizeres, me atacou: “tenho 25 anos de mercado. .. talvez a sua idade de vida . .As vezes, quando jovens, nos deixamos iludir por aquilo que vemos! Mas exatamente aquilo que não vemos. . .o mundo paralelo e não tão bonito e límpido da juventude . . nos puxa o tapete . . .e após um tombo desses, meu amigo, levantar-se é muito difícil! Você consegue, é claro! Mas nunca na mesma posição em que poderia estar! A decisão é sua e você paga as conseqüências dela! Precisa de tempo para pensar? Bom, já que não precisa, então, nossa conversa está encerrada por aqui. Se você me der licença, preciso entrar em contato com alguns colegas, além de providenciar seu bloqueio de e-mail e diretório. Só peço um simples favor: que você consiga passar tudo que for possível para seus estagiários e assistentes. Você poderia também, por favor, enviar e-mail solicitando ao RH um novo recurso em seu lugar?”
Sei bem o quão triste é, mas isto não me abalou! Ao longo de minha trajetória profissional, nunca soube ou conheci verdadeiramente, como seria trabalhar sem assédio moral. Desde estagiário até minha última colocação no mercado, sempre fui moralmente lesado. Em momentos extremos de minha carreira cheguei a achar tudo aquilo muito normal. Em minha visão, estas atitudes faziam parte do pacote “pressão do mundo corporativo.”
Mas, pasmem! O pior estaria por vir! Cumpri todas solicitações supracitadas daquele malvado que se tornaria, em três dias, meu ex-chefinho, enquanto levava minha documentação à Alpha. Acordei com Luciana Hauber de telefonar quinta-feira pela manhã de modo a agendar meu exame médico.
Pontualmente, quinta-feira as 8h30, liguei para Luciana. Esta me comunicou que naquela semana não seriam realizados mais exames e solicitou meu aguardo até terça-feira pela manhã, quando deveria contatá-la novamente. A princípio fiquei contente com a possibilidade de descansar até segunda-feira.
Eis que quando ligo na terça, a bombástica, derradeira e devastadora notícia: infelizmente, a vaga havia sido preenchida! Eles lamentaram o incidente e se desculparam pelo ocorrido, não permitindo que eu esboçasse qualquer indagação a respeito do que havia ocorrido. Fiquei atônito! Tentava argumentar, dizendo que já havia pedido demissão da antiga, porém em vão! Luciana foi contundente: “ordens formais da diretoria financeira.”
Até hoje sinto-me confuso a respeito disso. Uma vertente minha adepta da teoria da conspiração acenava fortemente para um provável serviço sujo do meu ex-chefinho. Outra mais realista aponta para uma possível indicação formal pela diretoria de outro profissional. Provavelmente, o Paulinho filho do amigo do diretor!
Não havia e-mails e nem provas da vigarice. Mais do que desempregado, me sentia humilhado! Aquilo me ardeu muito e me proporcionou pelo menos um mês de depressão. Não tinha a menor motivação, mesmo de sair da cama. Até o som da TV me perturbava. Após o fato, declarei-me divorciado do mundo corporativo, pois tenho a legítima convicção que aquilo ocorrido comigo é regra e não exceção! Cheguei a conclusão do quão decepcionante e prejudicial é trocar minha honra e milhares de reais investidos pela minha família em minha formação apenas pelo glamour de dizer que faço parte da equipe de talentos de algum antro corporativo.
E de fato estou certo! Sinto que, por estarem alienados, corporativos desprezam sua capacidade de empreender e serem proprietários exclusivos de seus destinos sem necessidade da estabilidade glamourosa das multinacionais e muito menos da assistencialista e degradante CLT. Em um ambiente que predomina a “troca de horas por dinheiro”, quem compra os dias de vida mal vivida de um profissional – no caso as empresas - tem a barganha de ser imoral e cafajeste.
E a barganha é legítima, pois o produto “horas” não possui diferencial nenhum e é facilmente substituído. Entretanto, muitos corporativos “talentosos” ainda não entenderam que embora consigam produzir algo tão diferenciado e valioso chamado resultado ou performance, preferem comercializar (em um mercado já saturado) seu produto menos valioso, as horas formais de trabalho com um comprador perverso e poderoso, o qual as detém em troca de uma mixaria, que é a suposta estabilidade.
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