sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Escritório Regional do Rio de Janeiro

Toda empresa multinacional que se declara de grande porte (aliás, alguém já viu alguma empresa multinacional se declarar de pequeno porte? Não existe, mesmo que tenha apenas 4 funcionários de vendas) tem um escritório em São Paulo, onde a boiada trabalha freneticamente em busca de uma promoçãozinha ou aumento de salário de 500 Reais e outro no Rio de Janeiro.
Vamos chamá-lo de Escritório Regional do Rio de Janeiro. Bacana, afinal, nesse Brasilzão, tão grande, não há como ter apenas uma sede né? Bem, nem tanto. Esse escritório tem algumas características que o de São Paulo não tem.
Vamos comparar?
Em São Paulo você tem horário para entrar? No Escritório Regional do Rio de Janeiro não tem horário.
Em São Paulo você marca ponto quando chega? No Escritório Regional do Rio de Janeiro não se marca ponto.
Em São Paulo você trabalha às sextas-feiras? No Escritório Regional do Rio de Janeiro não se trabalha às sextas-feiras.
Em São Paulo vocês fazem escala pra definir quem trabalha na sexta, depois do feriado de quinta?
No Escritório Regional do Rio de Janeiro não se trabalha na sexta, como acabamos de informar (ah, mas e se o feriado for na terça? Nesse caso no Escritório Regional do Rio de Janeiro não se trabalha na segunda)
Em São Paulo você trabalha na quarta-feira de cinzas depois do meio-dia? No Escritório Regional do Rio de Janeiro não se trabalha na quarta-feira de cinzas depois do meio dia. Nem na quinta. E nem na sexta, como já informamos mais de uma vez.
Em São Paulo seus relatórios de despesa são limitados? No Escritório Regional do Rio de Janeiro não tem miséria.
Em São Paulo seu almoço é no restaurante por quilo? No Escritório Regional do Rio de Janeiro é no Porcão. De segunda a quinta, afinal, no Escritório Regional do Rio de Janeiro não se trabalha às sextas-feiras.
Em São Paulo você sai um pouco mais cedo na Copa do Mundo pra ver o jogo do Brasil? No Escritório Regional do Rio de Janeiro não se trabalha durante a Copa do Mundo.
Agora, você, estagiária que acabou de entrar no mercado, louca pra aplicar seus conhecimentos da faculdade (que nada mais são do que os 4Ps do Marketing), e cujo sonho é ser gerente de produto da Unilever, está escandalizada, e questionando:- Gente! Mas se é assim, por que eles mantém esse escritório?!
Quem falou que as coisas são bonitas assim, mocinha? Vou lhe responder com duas palavras: Visita Internacional. Toda subsidária brasileira tem que ter um Escritório Regional no Rio de Janeiro para receber bem os gringos. Lembre-se, estamos falando de uma empresa multinacional de grande porte. Sempre que a alta cúpula da empresa vem para o Brasil, tem que rolar uma visita a campo. Aquela visita onde os caras vão visitar um ponto de venda, onde na semana anterior, 14 promotores trabalharam para fazer a empresa dominar todas as gôndolas do hipermercado e dar a impressão de que o share da empresa no Brasil é fantástico. Mérito dos promotores? Negativo. Bola, grana, propina pro gerente da loja. E onde seria a visita a campo? Na 25 de Março? Negativo! Ipanema, Leblon, Porcão, Barra Brasa, Nuth, 4 por 4, termas... Afinal, por qual motivo a diretoria internacional gostaria de ter uma subsidiária no Brasil? Pelo potencial? Pfff.É Pela sacanagem moçada!!!

sábado, 22 de novembro de 2008

A chegada do Chief Sustantability Officer - Africa and Middle East

Al Saad é mais uma daquelas pessoas sujas que hoje já não guarda qualquer valor para a corporação, mas como é dono de um grande acervo de calhordagem da empresa durantes seu 35 anos de casa, além de ter um certo lobby com um monte de líderes africanos e sheiks, foi necessário criar um cargo para essa figura incompetente e pilantra. Eis: CHIEF SUSTENTABILITY OFFICE reportando diretamente para o CEO. E o que ele reporta???? Porra nenhuma!!! No máximo, as sacanagens que estão acontecendo nos governos e algumas sujeiras corporativas que todo mundo sabe.

O latin-America inter world relationship manager, o Barbosa, decidiu que era hora de convidá-lo para uma série de apresentações e comitês visando apresentar a sede, além de agendar uma reunião com os VP´s brasileiros. O Barbosa - que não passa de secretária de luxo da presidência (na cadeia, ele seria o mesmo que a barbie da malandragem) - conseguiu!!! Vocês acham que o calhorda pilantra iria deixar de vir ao Brasil para um show da patifaria corporativa descendo aos mais baixos níveis de hipocrisia, com uma série infindável de blá-blá-blá dos mais picaretas??? Jamais!!! Imagina sequer uma conversa do CSO com o Barbosa. É a “putaria” corporativa instalada.

Alias, um tema bastante convidativo para os próximos capítulos é o Barbosa. Esse é aquele tipo que virou world relationship manager babando ovo para todo mundo. Puxa saco safado: 10 anos babando ovo para diretores e presidentes. Como guarda uma profunda incompetência para tudo que não seja a pagação de pau, não poderia exercer mais do que esse cargo. O que já é demais para este boçal.

Mas como diria uma boa endomarketing co-assistant, “não vamos perder o foco”...
Vem para o Brasil daqui duas semanas o CSO africano. Ou melhor, de Dubai: africano não pega bem no glamour “mortadelonico” corporativo. E se ele é CSO África e Oriente médio, é melhor chamâ-lo de Al Saad do que de Fernangobo... O problema é que o povinho da empresa está esperando um sheik, mas o que vai chegar mesmo é um baita de um negão.

Sem problemas: o importante é que o mercado de fofoca do pregão das baias de departamento está alavancado. Nos corredores estão dizendo até que o Rei saudita estaria vindo. As empresas são reproduções com glamour do mundo dos programas de fofoca na TV, os quais curiosamente ocorrem no mesmo horário em que as baias estão pegando fogo em insinuações, comentários, mentiras, venenos e outros. No mundo sujo dos cubículos corporativos, quem conta um conto, alavanca 4 pontos, seja no corredor, no café, no almoço, com o colega ao lado e etc.

As corporações são grandes encenações, novelas, mas isto não poder estar transparecido. O grande evento do Barbosa é a “vinda do sheik”; Porém seria necessário criar um cenário, um motivo, um contexto. Então, eis que aparece naqueles mesmos murais onde estão descritos os valores e a missão da empresa, o anúncio do “1st round of company world business sustentability – Brazil”. O mais hipócrita disso tudo é o anúncio da chegada desta escória vergonhosa ao lado do quadro de valores de uma empresa centenária que fatura bilhões e emprega centena de milhares!!!

No mínimo, sarcástico!

Já é do conhecimento de todos que este Deus do momento está descendo no Brasil. O que resta saber é a agenda corporativa do Sr. Al Saad, a qual será anunciada em um daqueles e-mails do departamento de comunicação ou RH, sobre o título de “scheduling – 1st round of company world business sustentability”... Esse Barbosa é mesmo um comediante de primeira! Um fanfarrão!

Comitês, reuniões, além de que todas as manhãs haverá café com cada departamento. No último dia, almoço especial em alguma churrascaria. Todo mundo irá.


CHEGOU O NEGÃO

Com certeza veio de 1ª classe, com direito a limousine de translado e uma tradutora gostosa do lado. Enquanto isso, na sala da injustiça, aquele estagiário super inteligente e com um CV 10 x melhor que o do Barbosa está sendo dispensado por causa do corte no orçamento do ano que vem.
Mas como já advertiu a co-assistant, não vamos perder o foco.

É muito engraçado como as coisas acontecem após os primeiros dias. No primeiro, houve uma apresentação formal à média e alta gerência. Entre eles, o financial co-supervisor, aquele seu chefinho do episódio do almoço e o supervisor, aquela agradável presença com quem você foi almoçar.

Mentalize esta cena e verás um cenário bastante conhecido: você e todos os outros escravos sentados, cada um em seu cubículo, correndo a 1000 km/h nas planilhas para entregarem aquele relatório às 10h e os dois artistas contracenando uma peça teatral em meio a gargalhadas e bla-bla-bla no meio do departamento, conversando sobre o encontro de ontem com o Fernambogo. Na verdade, o que houve ontem de fato, foi uma apresentação formal na qual cada um falou 1 minuto sobre o que faz. O Fernambogo nem olhou para cara deles... Mas agora eles discorrem sobre o episódio em alto e bom tom no meio do departamento como se já fossem amigos íntimos do sheik negão. Em meio àquela conversa barulhenta, o co-supervisor interrompe sua descontraída conversa com o supervisor para te advertir que restam 10 minutos para entregar o relatório. Ser gozado desta forma é um arranhão à honra de qualquer pessoa honrada. Mas quem disse que existe honra em empresa?

O comportamento dos diversos escravos é bastante distinto: uns suspeitam, outros acreditam, algumas estagiárias adoram e veneram, aquela analista sênior mulher- madura-e-solteira-de-35 anos vai perguntar indiretamente e simpaticamente para o co-supervisor se o escória é um “partidão”. Certamente ele fará uma piada corporativa, citando que provavelmente ele deve ter um grande e grosso segredo. A piada é extremamente sem-graça, mas quem não riu está ferrado, afinal, no mundo corporativo, quanto maior o nível hierárquico, mais engraçado é! (É quase mandamento não rir de piadas de estagiários).

O café da manhã com seu departamento foi uma diversão. A baixaria do show business. Alguns escravos treinaram sua apresentação em inglês de 30 segundos durante toda semana. Algumas escravas se perfumaram inteiras e foram de lingerie. Os estagiários adoram estes eventos. Ficam falando o tempo inteiro que vão se matar de comer. Pelo jeito são os mais sinceros!

O mais importante é a diferença de motivação. Na noite anterior o Fernambogo retornou ao hotel às 5 horas da manhã, pois estava num puteiro com a alta gerência. O cara vai receber os escravos e os neo-amigos supervisors para um café da manhã com aquela puta ressaca e uma cara de sono infernal.
Mas, enfim, viva o show business! Os supervisors vão falar flores do departamento. Você vai ficar puto, pois sabe que é mentira. Alguns escravos tímidos se apresentarão rapidamente e bem basicamente. Já o junior analist que trabalhou nos EUA 2 anos procurará falar bastante para mostrar quão robusto é seu inglês e, como não poderia deixar de ser, na seção hipócrita do “alguém gostaria de tecer um comentário ou fazer alguma pergunta” o estagiário nerd indagará Fernambogo sobre a atual crise.

Fernambogo está de ressaca, de saco-cheio e louco de vontade de chegar no hotel para dormir umas 15 horas, já que tomou todas e se matou na putaria. Putaria de noite, putaria pela manhã. A diferença é que as putas da noite estavam de fio-dental e blusinha, enquanto que as da manhã estão de terno e gravata o recebendo para um café da manhã corporativo.

No dia seguinte é vindo o grande momento: o dia do pronunciamento do Deus Fernambogo que até então só ouviu. Local: sala de eventos; convidados: todos.

Fernambogo fez um discurso de 5 minutos, na qual, 2 minutos foram sobre a sua estadia no Brasil, outros 2, sobre a superação das filiais africanas em meio a fome e no minuto final, um agradecimento a todos pela recepção.

Este evento foi de fundamental importância ao futuro da empresa. Nada como o CSO no Brasil. Depois deste profundo discurso, certamente foi projetado um grande e SUSTENTÁVEL futuro para a filial na América Latina.

Uma peça circense disfarçada de comitê de negócio, onde o palhaço é você e o picadeiro é o mundo fashion da sua empresa. E não seria palhaço? O mais triste é ver a cara de satisfação e orgulho do seu financial supevisor em receber, para um café-da-manhã, um gringo safado, bêbado e putanheiro.

Enfim, Fernambogo por aqui foi um grande show com atrações corporativas das maiores, incluindo reunião com a alta gerência no Sheraton, almoço com a alta gerência no Vento Haragano, comitê executivo com a alta gerência, jantar regado a caipirinha, putaria de primeira classe, viagem ao Nordeste (com o apelido de “desvendando novos mercados na A Latina”).

Empresas: a zorra total de todos os dias!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Café Corporativo

É impressionante como o mundo corporativo nos transforma em seres totalmente diferentes do que nossa personalidade e inconsciente exigem de nós. Reparem que ações mais simples como tomar um café ou copo de água pode-se tornar uma tarefa das mais desafiadoras dentro das organizações.

Por exemplo, você chega cedo com aquele puta sono e muito mal humorado depois de uma hora de transito devido ao acidente de um carro com um motoboy na marginal pinheiros. Qual a primeira coisa que você pensa depois de ligar o micro?

“– Vou pegar um café enquanto baixo os e-mails.”

Simples? Nem tanto.

Ao se aproximar da máquina você já vê alguém que teve uma idéia parecida com a sua. Você não quer, não faz questão, não precisa, mas algo lá no seu interior te obriga a falar com aquela pessoa que, na maioria das vezes, você não faz a mais pífia idéia de quem é o que ela faz (e vice-versa!!). Afinal, vai que ela é alguém importante dentro da Corporação. Você não que ser passar por arrogante diante de um diretor, ou quer?

Receptivos e com excelente “skill” de trabalho em grupo, como o mundo corporativo exige, ambos vão fingir interesse em conversas do tipo: “e essa bolsa que não pára de cair hein?”, você viu que o Teixeira foi mandado embora porque roubava caixas de caneta?” (alias, esse também é um assunto para o post “Fofocas Corporativas”, mas fica pra outra...), “e o Corinthians hein?”; “o sistema ta lento de novo?”, e por ai vai...

Durante a conversa, em vários momentos você torce pra que alguém mais apareça para puxar assunto com aquele mala e você possa usar o famoso: “bom, deixa eu voltar lá” para retornar a tranqüilidade (?!?!?) do seu cubículo.

Por fim, o estoque de assuntos inúteis acaba e ambos resolvem voltar ao trabalho.

Mas não acaba tão fácil assim. Porque, o mais triste de tudo, é que por mais que você já tenha conversado com aquele desgraçado, pode ser que vocês voltem a se encontrar na máquina de café varias vezes no mesmo dia...e não tem jeito, vocês sempre precisarão conversar DE NOVO!!!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

18h

Segunda-feira (totalmente ilustrativo! Poderia ser qualquer outro dia da semana!), 18h. Hora de ir embora?

Não importa o quanto você produziu nas últimas 8h, nem o quantas horas você trabalhou no dia anterior para entregar aquele relatório que estava pronto (mas o Account Supporter Junior Manager EXIGIU que o cor dos 57 gráficos que você se matou para fazer fossem verde-oliva em vez de verde-limão, o que fez com que você ficasse no escritório até às 22h45), a hora de ir embora é, sempre, um verdadeiro martírio.

Ao menos uma vez na vida, você vai ouvir os seguintes “elogios” quando você estiver arrumando as suas coisas para ir embora NO HORÁRIO QUE É PAGO para ir:

- “Ooooohhhh, mas que vidão, hein?”
- “Boa sorte na entrevista!”
- “Tá desmotivado!?”
- “Só eu que não pego esses projetos filet!”
- “É rodízio?”
- “Ué? Não arrumou o relógio para o horário de verão?”
- “Tá faltando trabalho? Aqui tem um monte se você quiser”
- “Médico de novo?”
- "Não esquece do protetor solar, ein?"
- "Me manda um sms quando sair gol na Champions League"

E por aí vai...

Almoço

Uma vez dentro do mundo corporativo, seu almoço nunca mais será como antes:você nunca mais almoçara com qualquer pessoa falando de qualquer assunto.
Repare que quando você esta almoçando, você não está comendo, mas sim fazendo negócio. Seja falando mal daquele camarada que já ta queimado, ou de novas "diretrizes" do seu Financial Manager Advisor Co-Supervisor que se diz o seu chefe. Enfim, assuntos corporativos, com piadas corporativas.
Não tem problema ser um bosta, o que importa é se portar que nem o Latin America Financial Advisor Manager Supervisor (o chefe do seu chefe, ou aquele teco de merda que nem olha na sua cara só porque começou a fazer viagens internacionais "a negócio" toda semana para a nova filial em Assunção) mesmo que você seja um bosta.Se você vai almoçar com este chefe do seu chefe e todo mundo presenceia os dois pombinhos descendo juntos para este almoço "a negócios", o seu conceito, assim como o índice de inveja (acompanhando sempre o respeito que você adquiriu apenas por ter sido convidado para almoçar) eleva-se drasticamente. Teor da conversa no almoço: os costumes dos Co-Supervisors paraguaios, argentinos e chilenos. Detalhes por detalhes de como foi a recepção dele no Paraguai.
O assunto é ele, o rei é ele e você aplaude e finge estar encantado. Assim, por osmose, você passa a considerar todos os Co-Supervisorr latinos os Magos do world business. Mas qual é o problema se a sua ação já está em alta (por causa deste almoço no mínimo petulante) no mercado sujo das baias de seu departamento???E quando retornar ao seu cubículo após o almoço, sentirá-se-a como se fosse Jesus Cristo voltando a Terra, tamanho o olho gordo que as pessoas colocarão em você. Nem uma árvore de arruda (nem digo galho) te salvará deste mal-olhado. E a babaca gorda da Paulinha (a Accountant Advisor Assistant) com certeza alfinetará-lo venenosamente da seguinte forma na frente de todos os colegas: "olha fulano... Agora ele é importante hein? Foi almoçar com o Supervisor".

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

"Causos" Corporativos

Quem alguma vez já trabalhou em alguma empresa, seja ela nacional ou multi, seja por 1 mês ou por um ano, seja qual for o departamento, vai identificar aqui situações típicas desse ambiente tão farto de fatos que deixaria um psiquiatra excitado.

Empresas são como novelas: sempre cenas do próximo capítulo.

O que queremos é prosar sobre esses causos que alguma vez ao menos assolaram as nossas vidas.

Aturar o mundo corporativo é uma pena muita dura para as pessoas de bom gosto.
Merecemos uma recompensa.