O dicionário Michaelis define baia como “Trave ou tábua para separar, nas cavalariças, as cavalgaduras umas das outras. 2 Compartimento individual para cavalgaduras numa cavalariça; boxe. 3 Porta rústica de paus trançados”. Portanto, é de se esperar que as baias sejam encontradas em cocheiras, para separar um cavalo do outro.
Porém, o modo corporativo de organizar o trabalho mudou isso. Os corporativos se gabam muito por movimentar milhões de dólares diariamente (ainda que nenhum centavo desse dinheiro seja seu...), ter ganhado da empresa um aparelho celular com touch screen e um notebook recondicionado, estar envolvidos no core business da empresa (palavras em inglês nesse meio são muito valorizadas) e enviar diariamente reports ao LARHQ (Latin America Regional Head Quarter), localizado em Miami, para algum outro latino safado que, por trabalhar nos EUA, só aceita emails em inglês, uma vez que português e espanhol são idiomas do terceiro mundo que ele já deixou para trás há muito tempo e para onde não tem a menor intenção de retornar. Todavia, apesar de toda essa suposta pompa, em geral os corporativos passam 80% de seu tempo enfiados em suas baias no escritório. Sim: as mesas de trabalho nos escritórios estão separadas em baias, exatamente como nas cocheiras! E analisando-se bem, nota-se que os corporativos são realmente como cavalos (pangarés, claro): trabalham o dia inteiro em troca de um pouco de comida (no caso, em troca de um salário medíocre e um falso status profissional), não tem horário para nada, correm o tempo todo, levam esporadas a todo momento, são guiados por rédeas curtas, têm que agüentar um infeliz montado em cima de suas costas o dia inteiro (gerentes incompetentes, diretores falastrões, colegas de trabalho canalhas, dentre outras figuras caricatas do show business corporativo) e, logicamente, passam boa parte do seu tempo em baias!
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