Comecemos nesta postagem de uma forma agressiva. O povinho das báias é mesquinho. Não guardo experiência atuando em multinacionais no exterior, mas desconfio muito que seja cultural. Neste país, somos regidos por uma única lei ( a de Gérson) e esta faz nós - brasileiros - nos tornarmos extremamente precavidos contra qualquer tipo de malandragem, esperteza ou exploração. Somado-se a isto, as pessoas da empresa - que já possuem, em geral, uma natureza egoísta, se tornam mesquinhas pois sentem-se já exploradas mesmo trabalhando na multinacional dos sonhos.
Vou chamar de falta de espírito e de fato, não encontro um termo melhor para definir a recusa de Fernando em explicar, com paciência ao recém-chegado estagiário Leandro Leal a planilha de Praxedes. Chamaria de insegurança, caso fosse apenas o medo de perder o monopólio na “alimentação” da planilha (fato que por si só, já é bizarro). A questão é que Fernando alega paulatinamente que Leandro tem mais que “pastar” na planilha, porque ninguém ensinou a ele como era feito quando chegou. Sem contar com a burocracia que ele proporcionou quando Leandro perguntou o diretório da referida.
Não menos mesquinho é Rubão do contas a pagar que mesmo tendo dinheiro na carteira, não empresta ao seu colega de báia (trabalham juntos a 5 anos) no almoço, fazendo o camarada ir e voltar os três quarteirões que separaram a empresa do restaurante, só para buscar a esquecida carteira. Há muitos anos atrás comprou um “Trident” na volta do almoço para uma colega, porém, logo na chegada do escritório, passou a cobrá-la insistentemente por e-mail.
A Lu é contundente: convida todos do RH, menos a recém-chegada estagiária Graciela para o Happy-hour de logo mais. Luciana.Hauber morre de medo de deixar de ser o centro das atenções com a chegada de uma outra mulher. Certamente o Teixeira não dispensará seus freqüentes elogios a ela em forma de piadinha corporativa sem-graça, do tipo: “Lu, será que não tem vaga no RH para eu trabalhar ao seu lado?”. A partir de agora, rodeará certamente a Graci, a estagiária que foi contratada pelo amigo do Teixeira por causa de seus dotes incríveis. Como ótima analista de recrutamento que é, havia selecionado aquele estagiário que parecia o galã da novela das oito, mas a voz superior determinou a contratação da sua futura rival.
A mesquinharia dos “colaboradores” (adoramos este termo) é dantesca a ponto de tornar os objetivos e valores da empresa - que, verdadeiramente, deveriam nortear as pessoas lá envolvidas - motivos de chacota ou oportunismo. Um dos comportamentos padrões em uma corporação é o egoísmo, geralmente partindo de pessoas com CV gigantes, mas alma pequena.
Vou chamar de falta de espírito e de fato, não encontro um termo melhor para definir a recusa de Fernando em explicar, com paciência ao recém-chegado estagiário Leandro Leal a planilha de Praxedes. Chamaria de insegurança, caso fosse apenas o medo de perder o monopólio na “alimentação” da planilha (fato que por si só, já é bizarro). A questão é que Fernando alega paulatinamente que Leandro tem mais que “pastar” na planilha, porque ninguém ensinou a ele como era feito quando chegou. Sem contar com a burocracia que ele proporcionou quando Leandro perguntou o diretório da referida.
Não menos mesquinho é Rubão do contas a pagar que mesmo tendo dinheiro na carteira, não empresta ao seu colega de báia (trabalham juntos a 5 anos) no almoço, fazendo o camarada ir e voltar os três quarteirões que separaram a empresa do restaurante, só para buscar a esquecida carteira. Há muitos anos atrás comprou um “Trident” na volta do almoço para uma colega, porém, logo na chegada do escritório, passou a cobrá-la insistentemente por e-mail.
A Lu é contundente: convida todos do RH, menos a recém-chegada estagiária Graciela para o Happy-hour de logo mais. Luciana.Hauber morre de medo de deixar de ser o centro das atenções com a chegada de uma outra mulher. Certamente o Teixeira não dispensará seus freqüentes elogios a ela em forma de piadinha corporativa sem-graça, do tipo: “Lu, será que não tem vaga no RH para eu trabalhar ao seu lado?”. A partir de agora, rodeará certamente a Graci, a estagiária que foi contratada pelo amigo do Teixeira por causa de seus dotes incríveis. Como ótima analista de recrutamento que é, havia selecionado aquele estagiário que parecia o galã da novela das oito, mas a voz superior determinou a contratação da sua futura rival.
A mesquinharia dos “colaboradores” (adoramos este termo) é dantesca a ponto de tornar os objetivos e valores da empresa - que, verdadeiramente, deveriam nortear as pessoas lá envolvidas - motivos de chacota ou oportunismo. Um dos comportamentos padrões em uma corporação é o egoísmo, geralmente partindo de pessoas com CV gigantes, mas alma pequena.
O supervisor da controladoria passou a duelar com o Aranha (gerente do fiscal ) quando este decidiu "empurrar" a divisória que separa os dois departamentos, invadindo o território alheio em 1,5 cm, para conseguir alocar uma impressora. Foi travada uma batalha homérica, pois, como ousa este tal de Aranha ultrapassar a dimensão prevista pelo orçamento ? Então o orçamento não tem valor nenhum ? O CEO assinou! Ele não hesitou: levou a questão para ser tratada de diretor para diretor.
Não levar vantagem individual em situações corriqueiras de trabalho é denominado “mortadelonicamente” de “ineficiência” na favela das grandes empresas (báias). Jeferson assumiu algumas atividades de Mário Cesar quando este foi promovido, porém não obteve nenhum benefício adicional. Portanto, foi logo denominado “trouxa”. Ele mesmo se intitula desta forma na seção lamentação dos “HH”(vulgo happy hour – este jargão será trazido na próxima aula de “corporatês).
Incomoda-me muito a maneira como o povinho da empresa encara o“There´s no free lunch”. O termo – que sugere ser utilizado num contexto de negócio mais abrangente- não deveria substituir importantes valores de um bom profissional, tal como coleguismo e lealdade. E é exatamente isto que ocorre. Colegas de báias são vistos, no mínimo, como concorrentes, quando não como inimigos. Não se faz favores a troco de nada, e quando isto ocorre, aquele que recebeu a ajuda será cobrado de uma forma ou de outra e com juros.
Se o Paulinho ficou até tarde fazendo a planilha que a Mari deveria entregar, muito certamente ela pagará em circunstâncias posteriores. Se a Mari sempre atende os telefonemas do Fernando para dizer que ele não se encontra (muito corriqueiro quando o camarada quer fugir de eventuais cobranças), pode ter certeza que ele já está de “rabo preso”.
Decorreremos nos próximos capítulos sobre os reembolsos de despesas, mas é muito pertinente abordar o tema agora para finalizar esta postagem. Alias, este é um dos melhores exemplos de mesquinharia: por mais ínfima que seja a despesa, parece até questão pessoal quando a empresa se encontra devedora em relação à alguém. Quando retornou da “viagem a trabalho” nos EUA, Mário César cobrou TODOS os dias (sem exceção) o Rubão do contas a pagar, a quantia exorbitante de US$ 15,00 que gastou a mais em sua odisséia.
As corporações – principalmente as multinacionais e/ou as de grande porte – são verdadeiras máquinas de criar pessoas pobres de espírito. A sensação de estar sendo enganado ou explorado é sentida com mais intensidade na medida em que os anos passam e pelo contato com os famosos “profissionais viciados”, as verdadeiras âncoras de uma empresa.
Tenho perfeita convicção que um jovem - na noite que antecedeu seu primeiro dia em seu primeiro trabalho – idealizou aquele grupo de pessoas trabalhando mutuamente em torno de um objetivo maior – ou seja, tudo que a corporação de fato deveria ser. E hoje, depois de anos de profissão (entenda, doutrinado pelo mundo corporativo), envergonha-se da suposta ingenuidade daqueles tempos, quando de fato, deveria sentir orgulho de pelo menos um dia em sua vida ter agido ou pensado com nobreza.
Não levar vantagem individual em situações corriqueiras de trabalho é denominado “mortadelonicamente” de “ineficiência” na favela das grandes empresas (báias). Jeferson assumiu algumas atividades de Mário Cesar quando este foi promovido, porém não obteve nenhum benefício adicional. Portanto, foi logo denominado “trouxa”. Ele mesmo se intitula desta forma na seção lamentação dos “HH”(vulgo happy hour – este jargão será trazido na próxima aula de “corporatês).
Incomoda-me muito a maneira como o povinho da empresa encara o“There´s no free lunch”. O termo – que sugere ser utilizado num contexto de negócio mais abrangente- não deveria substituir importantes valores de um bom profissional, tal como coleguismo e lealdade. E é exatamente isto que ocorre. Colegas de báias são vistos, no mínimo, como concorrentes, quando não como inimigos. Não se faz favores a troco de nada, e quando isto ocorre, aquele que recebeu a ajuda será cobrado de uma forma ou de outra e com juros.
Se o Paulinho ficou até tarde fazendo a planilha que a Mari deveria entregar, muito certamente ela pagará em circunstâncias posteriores. Se a Mari sempre atende os telefonemas do Fernando para dizer que ele não se encontra (muito corriqueiro quando o camarada quer fugir de eventuais cobranças), pode ter certeza que ele já está de “rabo preso”.
Decorreremos nos próximos capítulos sobre os reembolsos de despesas, mas é muito pertinente abordar o tema agora para finalizar esta postagem. Alias, este é um dos melhores exemplos de mesquinharia: por mais ínfima que seja a despesa, parece até questão pessoal quando a empresa se encontra devedora em relação à alguém. Quando retornou da “viagem a trabalho” nos EUA, Mário César cobrou TODOS os dias (sem exceção) o Rubão do contas a pagar, a quantia exorbitante de US$ 15,00 que gastou a mais em sua odisséia.
As corporações – principalmente as multinacionais e/ou as de grande porte – são verdadeiras máquinas de criar pessoas pobres de espírito. A sensação de estar sendo enganado ou explorado é sentida com mais intensidade na medida em que os anos passam e pelo contato com os famosos “profissionais viciados”, as verdadeiras âncoras de uma empresa.
Tenho perfeita convicção que um jovem - na noite que antecedeu seu primeiro dia em seu primeiro trabalho – idealizou aquele grupo de pessoas trabalhando mutuamente em torno de um objetivo maior – ou seja, tudo que a corporação de fato deveria ser. E hoje, depois de anos de profissão (entenda, doutrinado pelo mundo corporativo), envergonha-se da suposta ingenuidade daqueles tempos, quando de fato, deveria sentir orgulho de pelo menos um dia em sua vida ter agido ou pensado com nobreza.
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