Se há algo que me incomodou muito nesses últimos anos dentro do sempre muito original mundo corporativo foi o “perfil da vaga”. O perfil da vaga é o conjunto de requerimentos ou qualidades das quais os indivíduos devem ser dotados para que possam desempenhar as atividades de um determinado cargo. Nenhum problema, caso não fosse as peculiaridades sempre muito medíocres do mundinho.
Primeiramente, se enquadrar no perfil da vaga significa uma vitória pessoal, um grande passo na carreira. Você é diferenciado, inteligente, ágil . .. um ser sobrenatural. Afinal, poucos são os eleitos que podem fazer parte desse grupo talentoso. Essa “santificação” de uma pessoa tão comum quanto você se deve em partes pelo respeito que dispensas ao renome que a multinacional onde trabalhas carrega. Ou seja, já que este lugar é o paraíso profissional e você o adentrou, então, seja bem vindo ao convívio dos eleitos!
Primeiramente, se enquadrar no perfil da vaga significa uma vitória pessoal, um grande passo na carreira. Você é diferenciado, inteligente, ágil . .. um ser sobrenatural. Afinal, poucos são os eleitos que podem fazer parte desse grupo talentoso. Essa “santificação” de uma pessoa tão comum quanto você se deve em partes pelo respeito que dispensas ao renome que a multinacional onde trabalhas carrega. Ou seja, já que este lugar é o paraíso profissional e você o adentrou, então, seja bem vindo ao convívio dos eleitos!
Outra parte da culpa se deve ao próprio paraíso, pelo marketing que pratica quando seleciona alguém no mercado. Quando não apenas engraçado, é bizarro a mensagem sugerida: pelo menos sempre percebo um ar de paraíso. O candidato deve atender dezena de requisitos, as quais, podemos apostar, nem mesmo 0,001 % de todos colaboradores possuem. Francamente, em toda minha vida, tomei conhecimento de apenas uma figura pró-ativa, com grande habilidade interpessoal, hands-on, que saiba lidar com pressão, com infinitos idiomas, experiência de mais de 5 anos na área, perfil analítico e com reconhecidas e comprovadas habilidades de lideranças - eis: Jesus.Cristo@Alpha.com.
A segunda peculiaridade são as exigências. As qualificações são todas elas voltadas para o dinamismo, versatilidade e o domínio de muitas habilidades ao mesmo tempo. Antes de tudo, deve o fulano ser pró-ativo. Nenhum problema, caso não fosse as condições de trabalho de seu arcabouço corporativo. Desde quando empresas oferecem flexibilidade para alguém de sua alçada (um peão, “glamourosamente” chamado de “compliance sênior analist latin american divison”) pró-agir ou mudar algum processo? Desde quando você é ouvido ?
Alias, a última palavra é sempre sua: “ desculpe, isso não voltará a ocorrer. .estou dedicando os melhores esforços nessa atividade”. Todo mundo diz querer sua pró-atividade, mas, no fundo, exigem mesmo sua reatividade – afinal você sempre tem uma buxa para resolver e um abacaxi para descascar - e sua capacidade de entregar 1.000.000 de planilhas solicitadas por dia. Se isso é pró-atividade, realmente eu fico sem palavras para qualificar os planos expansionistas de Napoleão e Hittler.
Mas enfim, retornemos a mediocridade de seu mundo de forma bem humorada e comunicativa, afinal a Alpha exige que tenhamos todos, grandes habilidades interpessoais. Ary Toledo será aprovado por Luciana Hauber no processo de trainee, mas aquele rapaz do canto . .."olha a postura e o jeito dele. .nem o cabelo penteou, parece que tem algum problema mental" . Talvez realmente Albert Einstein não esteja mesmo apto para a função.
Em momentos de delírios surreais, chego a imaginar Albert Einstein transferindo informações do SAP para o Excel 12 horas por dia. Só não consigo imaginar uma tortura maior para alguém deste porte. No entanto, a crítica da "habilidade interpessoal" é outra. Mais do que aquele indivíduo extrovertido, comunicativo e carismático, o mundinho necessita de pessoas que encenam muito bem o teatro corporativo; Empresas precisam de artistas; é preciso saber rir na hora certa, proferir a piada mais cabível no momento mais condizente, fofocar de forma sutil e elegante e saber cavar o enterro de seu colega de trabalho junto dos outros invejosos, sem que ele nada perceba.
Venho tentando moderar os amargos discursos dos meus textos e o nível de minha exigência em relação ao mundinho corporativo, mas fico estarrecido em notar que Luciana Hauber busque em mim, alguém que goste de ambientes com pressão. Desculpe, não sou masoquista, eu detesto. Consigo lidar, mas sinceramente odeio. E por mais que todos mintam para Luciana dizendo que adoram ambientes assim, 90% das reclamações do povinho das baias giram em torno das pressões.
Porém,indignação maior não é devido a isso, mas sim, ao fato de que "saber lidar com pressão" é um jogo de palavras que a sempre estratégica gestão de pessoas criou para camuflar sua busca no mercado por pessoas que não absorvam assédios morais. Luciana indiretamente diz: você trabalhará com o Teixeira que por vezes irá te esculachar, mas não é te dado o direito de se abalar e muito menos se rebelar ou protestar.
Certa vez estava lendo um anúncio de um processo de seleção de novos talentos (estagiário) de uma grande multinacional, em que exigia do universitário – geralmente um “recém-mocinho” de 21 anos – experiência de 5 anos (???) na área, inglês e espanhol fluente e habilidades de liderança! Neste caso, deixarei as críticas por sua conta.
Para finalizar, a terceira e última peculiaridade é distorção em aquilo que se espera e o que deveria se esperar de fato de alguém entrante. Independente do cargo, função, atividade e etc., importantes valores como lealdade, hombridade e senso de justiça jamais são requisitados; da mesma forma, jamais presenciei qualquer multinacional exigir maturidade, inteligência e nobreza.
Mediante isso, a questão é saber se verdadeiramente as empresas estão carentes de “hands on” com habilidades interpessoais e de liderança com experiência de 5 anos na área ou de pessoas maduras, leais, inteligentes e justas. Noto que as baias estão abarrotadas de pró-ativos, todavia, raras vezes me deparei com este tipo de perfil verdadeiramente diferenciado que são os nobres.
A segunda peculiaridade são as exigências. As qualificações são todas elas voltadas para o dinamismo, versatilidade e o domínio de muitas habilidades ao mesmo tempo. Antes de tudo, deve o fulano ser pró-ativo. Nenhum problema, caso não fosse as condições de trabalho de seu arcabouço corporativo. Desde quando empresas oferecem flexibilidade para alguém de sua alçada (um peão, “glamourosamente” chamado de “compliance sênior analist latin american divison”) pró-agir ou mudar algum processo? Desde quando você é ouvido ?
Alias, a última palavra é sempre sua: “ desculpe, isso não voltará a ocorrer. .estou dedicando os melhores esforços nessa atividade”. Todo mundo diz querer sua pró-atividade, mas, no fundo, exigem mesmo sua reatividade – afinal você sempre tem uma buxa para resolver e um abacaxi para descascar - e sua capacidade de entregar 1.000.000 de planilhas solicitadas por dia. Se isso é pró-atividade, realmente eu fico sem palavras para qualificar os planos expansionistas de Napoleão e Hittler.
Mas enfim, retornemos a mediocridade de seu mundo de forma bem humorada e comunicativa, afinal a Alpha exige que tenhamos todos, grandes habilidades interpessoais. Ary Toledo será aprovado por Luciana Hauber no processo de trainee, mas aquele rapaz do canto . .."olha a postura e o jeito dele. .nem o cabelo penteou, parece que tem algum problema mental" . Talvez realmente Albert Einstein não esteja mesmo apto para a função.
Em momentos de delírios surreais, chego a imaginar Albert Einstein transferindo informações do SAP para o Excel 12 horas por dia. Só não consigo imaginar uma tortura maior para alguém deste porte. No entanto, a crítica da "habilidade interpessoal" é outra. Mais do que aquele indivíduo extrovertido, comunicativo e carismático, o mundinho necessita de pessoas que encenam muito bem o teatro corporativo; Empresas precisam de artistas; é preciso saber rir na hora certa, proferir a piada mais cabível no momento mais condizente, fofocar de forma sutil e elegante e saber cavar o enterro de seu colega de trabalho junto dos outros invejosos, sem que ele nada perceba.
Venho tentando moderar os amargos discursos dos meus textos e o nível de minha exigência em relação ao mundinho corporativo, mas fico estarrecido em notar que Luciana Hauber busque em mim, alguém que goste de ambientes com pressão. Desculpe, não sou masoquista, eu detesto. Consigo lidar, mas sinceramente odeio. E por mais que todos mintam para Luciana dizendo que adoram ambientes assim, 90% das reclamações do povinho das baias giram em torno das pressões.
Porém,indignação maior não é devido a isso, mas sim, ao fato de que "saber lidar com pressão" é um jogo de palavras que a sempre estratégica gestão de pessoas criou para camuflar sua busca no mercado por pessoas que não absorvam assédios morais. Luciana indiretamente diz: você trabalhará com o Teixeira que por vezes irá te esculachar, mas não é te dado o direito de se abalar e muito menos se rebelar ou protestar.
Certa vez estava lendo um anúncio de um processo de seleção de novos talentos (estagiário) de uma grande multinacional, em que exigia do universitário – geralmente um “recém-mocinho” de 21 anos – experiência de 5 anos (???) na área, inglês e espanhol fluente e habilidades de liderança! Neste caso, deixarei as críticas por sua conta.
Para finalizar, a terceira e última peculiaridade é distorção em aquilo que se espera e o que deveria se esperar de fato de alguém entrante. Independente do cargo, função, atividade e etc., importantes valores como lealdade, hombridade e senso de justiça jamais são requisitados; da mesma forma, jamais presenciei qualquer multinacional exigir maturidade, inteligência e nobreza.
Mediante isso, a questão é saber se verdadeiramente as empresas estão carentes de “hands on” com habilidades interpessoais e de liderança com experiência de 5 anos na área ou de pessoas maduras, leais, inteligentes e justas. Noto que as baias estão abarrotadas de pró-ativos, todavia, raras vezes me deparei com este tipo de perfil verdadeiramente diferenciado que são os nobres.